sábado, 21 de agosto de 2010

A cada dez anos um grande Homem

Hoje farei diferente e, excepcionalmente, não publicarei um texto próprio.
Resolvi postar uma pequena obra do grande Bertold Brecht, que essa semana me marcou muito com sua poesia. Aos que já conhecem esse fabuloso texto, sem dúvida, vale à pena rever; aos que não conhecem, bem vindos à oportunidade de conhecer as “PERGUNTAS DE UM TRABALHADOR QUE LÊ”!

"Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis.
Arrastaram eles os blocos de pedra?
E a Babilônia varias vezes destruída
Quem a reconstruiu tanta vezes?
Em que casas da Lima dourada moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite em que
a Muralha da China ficou pronta?
A grande Roma esta cheia de arcos do triunfo
Quem os ergueu?
Sobre quem triumfaram os Cesares?
A decantada Bizancio
Tinha somente palácios para os seus habitantes?
Mesmo na lendária Atlântida
Os que se afogavam gritaram por seus escravos
Na noite em que o mar a tragou.
O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Sozinho?
César bateu os gauleses.
Não levava sequer um cozinheiro?
Filipe da Espanha chorou, quando sua Armada
Naufragou. Ninguém mais chorou?
Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos.
Quem venceu alem dele?

Cada pagina uma vitória.
Quem cozinhava o banquete?
A cada dez anos um grande Homem.
Quem pagava a conta?

Tantas histórias.
Tantas questões."
(Bertold Brecht)

Kadu Oliveira

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Talvez o começo da loucura

Dias de silêncio, dias de silêncio só
Dias vagos, dias vagando
E a motivação, cadê?
Só sei que perdi por aí. Agora, onde? Vai saber...
No vazio lá fora, no vazio aqui dentro
Sento, leio, ando, grito
Grito pro nada, grito pra nada, grito já nem sei por quê
(sem fôlego) Grito sem voz...
Ah, esse tédio que me enlouquece, essa monotonia que me queima a pele.
Queima mesmo, sem figuração. Silêncio somatizado.
Sigo ardendo em pressa
Pressa em ver as feiras pelas costas,
Somente no seu fim poderei sentir
Quero sua morte pra que eu me tenha vivo outra vez!
Corram dias, voem horas
Tragam-me de volta a voz...
... de um fim pra descansar, enfim sem pressa.
Um fim de companhia, de amigos, de conversas repletas de bobeiras e sinceridade...
Diferençar tédio, monotonia e solidão?
Não sei. Ambos me tiram a paz.
Os maus silêncios da vida.

Kadu Oliveira

sábado, 7 de agosto de 2010

Crianças! Crianças! Cadê vocês?

Acordei, olhei pra fora e, de repente, dei por mim que não havia mais crianças. Aquelas que se divertiam com tão pouco, que falavam de desenho animado e se amarravam em brincar de pique.
Meu Deus, onde elas foram parar?
Ah, o meu tempo... Me lembro com saudade, como se fosse ontem. As meninas brincando de boneca, casinha. Os meninos com seus carrinhos e bolinhas de gude que preenchiam as tardes das inocentes férias escolares. Tá, tudo bem, éramos uma geração ingênua, queriamos mesmo é brincar. Mas isso é realmente ser criança!
Ei, mas que modernidade! Nao vejo brinquedos, vejo tudo digital. A vida liderada por um click ao som de Restart.
Nossa, eles têm orkut!
Eles namoram tambem!
Isso é uma menina?
Meninos esquisitos com essas calças coloridas.
To percebendo que as coisas por aqui estão acontecendo bem rapido!
Acabei de ouvir que as crianças de hoje estão maduras. Não consigo ver maturidade, vejo informação demais para cabeças que não sabem administrá-las como se deve. Sexo é assunto discutido e aplicado na idade que eu ainda sonhava em ter um Playmobil!
Cheguei a pensar na possibilidade de não ter acordado.
Seria um triste sonho, mas me confortaria mais do que saber que a realidade não me falta no que vejo. Sabe, pensei no meu filho. Procurando a infância...
Ela ainda existe dentro de mim e de todos eles também, eu sei.
Dentro dos sábios, dos poetas, dos loucos, jamais se extinguirá a essência simples, desinteressada e inocente da infância.
Ser criança. Ainda não descobri jeito melhor de viver a vida!

Kadu Oliveira