sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Vamos de hipocrisia então?

Na verdade, pode ser que hoje nada aqui faça muito sentido ou tenha alguma coerência pra alguém... Nem é pra ter... O que vemos diariamente não tem um pingo de sentido mesmo.
Não quero ser hipócrita a ponto de dizer que acredito em tudo, nem mentiroso dizendo que não creio em nada. Fechar os olhos e aplaudir tudo o que me dizem... Está aí uma boa situação para chamar de pecado. Prefiro viver entre esse tudo e esse nada, nem em um, nem em outro, por apenas enxergar. Está difícil entender? E eu com isso... Existem os que o farão muito bem!
Repugnante doença disseminada essa tal hipocrisia. O verdadeiro mal do século, eu diria.
Alguém tem peneirado de menos seus conceitos. Mostrado pouco ou nada do que realmente é.
O mais curioso é encontrar muitos por aí se achando capazes de dizer o que é certo ou errado. Ousaria mais: disfarçando pura podridão com a cara santa da dignidade. Quem é digno? Espera aí, isso não é trabalho de Deus?
Estranhamente se confunde consciência e obrigação.
Caridade? Pensar no outro? Pensar no mundo que afunda a cada dia no estrume de uma raça suja? Faz quem quer, quem acha que deve... Ah, deixa pra depois...
Agora, escuta aqui! Você não pode fazer isso não! Você ta errado, hein!
Quantos dedos apontados... Faça algo de bom, infeliz! Você nem sequer terá apoio. Não que precise, mas tenta fazer o que julgam ser ruim... Cuidado com as pedras, Madalena!
E os dias passam com tanta gente se culpando...
Não temos exatamente uma vida curta, mas desperdiçamos uma grande parte dela pensando no que não importa de verdade. Sendo o que não somos. Tomando partido do que nem concordamos...
Francamente...
"Verás que tem menos anos do que contas. Perscruta a tua memória: quando atingiste um objetivo? Quantas vezes o dia transcorreu como planejado? Quando usaste teu tempo contigo mesmo? Quando mantiveste uma boa aparência, o espírito tranquilo? Quantas obras fizeste com um tempo tão longo? Quantos não esbanjaram a tua vida sem que notasses o que estavas perdendo? O quanto da tua existência não foi retirado pelos sofrimentos desnecessários, paixões ávidas, conversas inúteis, e quão pouco te restou do que era teu? Compreenderás que morres cedo. (...) Temes todas as coisas como os mortais, desejas outras tantas tal qual os imortais. Ouvirás a maioria dizendo: 'Aos cinquenta anos me dedicarei ao ócio. Aos sessenta, ficarei livre de todos os meus encargos'. Que certeza tens de que há uma vida tão longa? O que garante que as coisas se darão como dispões? Não te envergonhas de destinar para ti somente resquícios da vida e reservar para a meditação apenas a idade que já não é produtiva? Não é tarde demais para começar a viver, quando já é tempo de desistir de fazê-lo? Que tolice dos mortais a de adiar para o quinquagésimo e sexagésimo anos as sábias decisões e, a partir daí, onde poucos chegam, mostrar desejo de começar a viver..." (Sêneca)
Viver é estar bem consigo mesmo, estar de pleno acordo com o que realmente é.
Limparemos a cara ou vamos de hipocrisia então?
Vamos sentar e esperar o fim da vida para que, aí sim, nos demos conta de que o que somos e fazemos já não tem nada de nós.

Kadu Oliveira

4 comentários:

  1. "[..]Alguém tem peneirado de menos seus conceitos. Mostrado pouco ou nada do que realmente é.[..] Não temos exatamente uma vida curta, mas desperdiçamos uma grande parte dela pensando no que não importa de verdade. Sendo o que não somos. Tomando partido do que nem concordamos... " -- Concordo muiito com tudo, e muito com essas partes que destaquei acima! Tá maravilhoso o seu blog! Beijosss Meu Campeão

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  2. Esse texto é de tamanha importância, deveria ser levado além do blog!! meus parabéns amigo, perfeito material!!! abraços!!

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  3. Sem dúvida, ao entrar no coração e na mente das pessoas, já está para além do blog... Por hora, é o que de mais digno posso alcançar.. daí cabe ao que nós julgamos importante para oferecer aos nossos importantes, não é? Que seja assim, de mim para vocês, de vocês para outros e mais outros! Chegaremos lá um dia!
    Obrigado, Tata, pela sua sensibilidade, sempre! May, sou seu fã! Rafael, você mostrou aos seus importantes.. e assim, levou para além do blog.. obrigado! Conto sempre com vocês!

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